O azeite, o vinho e o trigo estão presentes na construção da civilização humana como alimento, como símbolo e como gerador de riqueza dos povos. A oliveira é uma planta originária do Cáucaso, entre a Europa oriental e da Ásia ocidental, localizada entre o mar Negro e o mar Cáspio. De lá se propagou pela Mesopotâmia, Palestina, Egito, por Creta e depois pela Grécia e Itália. Hamurabi, o rei da Mesopotâmia, no seu Código escrito há mais de três mil anos, mencionava o azeite como produto integrante da economia e estabelecia as regras de produção e comércio, mostrando que o azeite de oliva já era produzido em quantidades industriais na antiguidade. O mais antigo lagar para a fabricação de azeite de oliva que se tem notícia localizava-se na Ilha de Pyrgos. É originário da Idade de Bronze, e possui um sistema de prensas que demonstra que Chipre possuía, há mais de mil anos antes da era Cristã, um conhecimento tecnológico e um processo muito similar ao utilizado na Itália até a década de 1950.
Os gregos atribuíam à oliveira a origem divina e a utilizavam também de modo simbólico. As lendas sobre a origem da oliveira e do azeite são diversas; talvez a mais interessante seja o mito de seu surgimento que narra uma disputa entre Posseidon e Atenas pela posse da Acrópole. Zeus dá um fim à disputa entre os dois, dizendo que venceria aquele que criasse algo de útil à humanidade. Posseidon, o Deus dos mares, faz surgir da floresta um novo animal, um estupendo cavalo; Atenas faz nascer das vísceras da terra uma nova planta: a oliveira. Zeus não teve dúvidas: o cavalo servia à guerra, a oliveira à paz. Venceu Atenas. A planta permanece, assim, fortemente ligada a Atenas, tanto que, na antiga Grécia, nos jogos que eram realizados em sua honra, os vencedores recebiam como prêmio uma ânfora cheia de azeite de oliva proveniente do olival consagrado à deusa.
Nos Jogos Olímpicos, realizados a partir de 776 a.C. na Grécia, galhos de oliveira eram dados como prêmio aos vencedores, como símbolo da paz. Na Bíblia, a oliveira e o azeite estão presentes em diversas partes, com destaque importante. Além de ser a base da dieta do povo judeu, era item forte na economia, fornecia combustível para a iluminação, era usado nas cerimônias sagradas de unção, na medicina, na higiene pessoal e na fabricação de cosméticos. A oliveira, para os cristãos, é símbolo da bênção divina, da fidelidade, da prosperidade e da perseverança; os católicos têm azeite como símbolo no batismo, na crisma, na unção dos enfermos, na ordenação dos sacerdotes, e no ofício da Vigília.
Se observarmos, as oliveiras e os lagaresestão ligados à vida de Jesus e, portanto, das pessoas daquela época. Por exemplo: Getsêmani, que significa lugar da prensa do azeite, é um jardim localizado no sopé do Monte das Oliveiras em Jerusalém, onde Jesus orou e vigiou na noite anterior a sua crucificação.
O Império Romano tornou o azeite um pilar da economia. Olivais foram expandidos por todo o império, norte da África, Península Ibérica, sul da França. A tecnologia de produção de azeitonas e extração de azeite foi aprimorada.
Com as invasões bárbaras, caiu o Império Romano e, com ela, as oliveiras cultivadas em grandes extensões foram abandonadas e voltaram ao estado selvagem. O produto tornou-se escasso e passou a ser cultivado por pequenos produtores.
Na idade média, o azeite era consumido apenas pelos ricos, sendo a oliveira cultivada quase que exclusivamente em mosteiros, tornando-se o azeite um produto raro e valioso. Com a descoberta da América, em 1492, o cultivo da oliveira se expandiu para o continente americano. Em 1560, já havia olivais no México e, a partir desta época, o cultivo declinou devido aos altos impostos cobrados pelos conquistadores espanhóis.
De 1700 em diante, a produção de azeitonas e de azeite se expandiu na Itália por incentivos fiscais do governo, acompanhada de estudos e pesquisas para a melhoria do cultivo e da extração. A qualidade do azeite italiano melhorou muito e ganhou fama no mundo inteiro. Atualmente, existem cultivares e azeites em quase todo o mundo, mas a maior produção está ainda na Bacia do Mediterrâneo, sendo a Itália, a Espanha e a Grécia os maiores e mais tradicionais produtores.
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