Na tela da televisão ela esbanja simpatia e busca, a cada programa, descomplicar o mundo do vinho. O sotaque dá um charme especial, e a cada episódio de ‘Um Brinde ao Vinho’, programa que vai ao ar no Mais Globosat (terças e domingos, às 19h30min e quintas às 19h), a sommelier Cecilia Aldaz conquista mais fãs e novos apreciadores. Além do programa, ela também está à frente do Oro, premiado restaurante carioca que é comandado pelo marido dela, o chef Felipe Bronze. Confira a entrevista dada por Cecilia a Bon Vivant.
Bon Vivant: Você é argentina. Está no Brasil há quantos anos? Nos conte um pouco sobre a sua vida pessoal... Cecilia Aldaz: Sou argentina, moro no Rio de Janeiro há 10 anos (até tenho um pouco de vergonha de falar isso, já que tenho um sotaque que parece que cheguei ontem!). Muitas vezes é o trabalho que faz as pessoas mudarem de País, no meu caso foi o amor. Estou casada com um brasileiro que, além de me ensinar português, me ajudou muito nesse país (Cecília é casada com o chef Felipe Bronze). Temos uma criança linda, o Antonio, de quatro anos, que se encaixa bem no estilo de menino do Rio!
Bon Vivant: E seu trabalho, como começou? Cecilia: Fiz um estágio trabalhando no laboratório de uma vinícola e pronto, acabei por me apaixonar! Estudei para ser Técnica Química Industrial, com especialização em Enologia. Tento me manter sempre estudando. Fiz o WSET nível 3. Em junho de 2018 viajei para fazer uma especialização em vinhos de Jerez. Estou acabando o nível 4. Atualmente estou fazendo uma especialização em vinhos Franceses do Frech Wine Scholar. E por aí vai...
Bon Vivant: Quando descobriu que tinha uma paixão especial pelo vinho? Cecilia: Eu nasci em Mendoza e quem mora em Mendoza e for estudar Desenho Gráfico vai trabalhar em uma vinícola, se estudar Comércio Exterior vai trabalhar em vinícola... Então eu decidi trabalhar diretamente com vinhos, sem muitas voltas.
Bon Vivant: Quando se deu conta de que, além da paixão, também tinha um talento especial para analisar o vinho? Cecilia: Sempre foi fascinada por esse mundo de aromas. Eles têm a capacidade de nos transportar, se você sente um aroma conhecido ele te leva à infância. Tem algo mais mágico para trabalhar? Combinar sensações com conhecimento?
Bon Vivant: O que te encanta num vinho? Cecilia: Quando era mais jovem, era muito cruel com os vinhos, qualquer pequeno defeito era enorme para mim. Mas, um dia um amigo sommelier espanhol, me falou “não tem que julgar, só entender”. A partir daí acho que me apaixonei ainda mais. Mas, devo confessar: continuo bastante exigente.
Bon Vivant: Como está sendo a experiência de mostrar teu trabalho em um programa de televisão? Cecilia: Na minha vida sempre estive rodeada por pessoas que me ensinaram muito. Não só do mundo do vinho. Por isso achei que poderíamos fazer um programa tentado não falar ‘difícil’. Na Argentina, mais precisamente em Mendoza, a relação com o vinho é algo muito natural: as pessoas bebem, se divertem e o vinho acompanha todos esse momentos. Por isso, faço questão de mostrar que o vinho é uma bebida que pode acompanhar todas essas situações. Sem deixar de reconhecer que o vinho é a bebida mais complicada do mundo. Tenho prazer em fazer a tradução do “Vinhes” (língua do vinho)
Bon Vivant: Você vive num mundo quase sempre associado aos homens. Já se sentiu constrangida em algum momento? Cecilia: Machismo e feminismo existem. Mas também já reclamaram que não queriam ser atendidos por uma argentina! Vítimas somos todos um pouco, mas isso não nos leva para lugar nenhum. Momentos de constrangimento passei, sim! Mas, minha força vai em tentar ser o mais profissional cada dia.
Bon Vivant: O vinho brasileiro ganha, cada vez mais, notoriedade mundial. Como você definiria o momento atual da vitivinicultura brasileira? Cecilia: O Brasil está melhorando seus vinhos a uma velocidade luz (isso me deixa muito feliz). Consigo mostrar isso para nossos clientes estrangeiros. Por aqui temos produtores cada vez mais sérios, e com mais vontade de fazer as coisas melhor. É um caminho... Na minha recente viagem para Jerez consegui sentir a revolução que se está gerando com esse vinho tão antigo, imagina todo o que pode mudar ainda em nosso “Novo Mundo do Vinho”.
Bon Vivant: Você tem planos para explorar outras regiões do país em seu programa? Cecilia: Planos tenho muitos. Queria mostrar desde o mais clássico até as grandes novidades nesse mundo do vinho. Ainda não posso falar muito disso!
Bon Vivant: Tem um vinho brasileiro que você mais gosta ou uma variedade? Cecilia: Gosto muito do vinho que está fazendo o produtor Luís Henrique Zanini com o Era dos Ventos. O vinho Laranja feito de Peverella é encantador. A Guaspari tem o Viognier Vista do Bosque, que acho atípico e surpreendente!