
Na região do prosecco italiano, especificamente na cidade de Valdobbiadene, no Vêneto, uma pequena fração da comune de Miane é revestida de vinhedos. Combai, lugarejo com cerca de 400 habitantes, se esconde entre vales e produz uvas nas montanhas - lugar onde se encontra a única vinícola da localidade. Diego Stefani é agricultor e produz em torno de 30 mil garrafas de vinho por ano, das variedades prosecco, vinho branco e tinto, contando apenas com a própria produção de uvas.
Na mesma casa onde habita, e também onde nasceu, Diego e sua esposa Carla mantém a Osteria Contadin, muito famosa pela comida italiana acompanhada por vinhos de montanha de sua vinícola. Aos 71 anos, Diego se orgulha quando fala das quatro filhas e também dos quatro livros onde assina poesias. De origem humilde, e mesmo tendo estudado pouco, o poeta declama suas obras enquanto janta com amigos e faz encher os olhos de lágrimas a quem escuta. “Eu escrevo pela emoção, não estudei pra isso, mas seguramente tenho mais de 500 poemas escritos”, conta Diego, que compôs seu primeiro poema aos nove anos.
As poesias são declamadas também em meio aos vinhedos no final da colheita de 2018. Há alguns anos a propriedade ganha a distinção de produzir vinhos biodinâmicos. Pra fazer uma boa colheita são utilizados fertilizantes e vermicidas naturais. O objetivo é valorizar o solo e alimentar as vinhas de forma correta, respeitando a biodiversidade local. Diferem dos vinhos orgânicos por que todo o processo da produção do vinho é natural e segue as leis da natureza.
O Poeta Contadin, como ele se denomina, é um amante do Brasil, já que tem parentes na região de Carlos Barbosa e Veranópolis, e já conheceu a Serra Gaúcha. “É emocionante ver como no Brasil a cultura italiana se manteve, temos muito orgulho disso”, finaliza.

Texto/Larissa Verdi
Fotos/Natane Areze