A paisagem símile que remete a regiões do norte da Itália foi a mesma que causou familiaridade aos imigrantes italianos estabelecidos no Sul de Santa Catarina no final do século XIX. Com bravura e determinação, desbravaram uma terra de oportunidades, plantaram sementes, colheram bons frutos e deixaram um importante legado que tornou-se um símbolo da identidade local cultivado pelos descendentes há mais de 100 anos: a uva Goethe.
A história centenária ligada à imigração italiana, a localização entre a serra e o mar e o terroir nesta região são encantos que se unem à leveza, frescor, aromas de frutas cítricas e nativas do Brasil, notas minerais e toque salino, características em destaque nos produtos Goethe. Estes elementos formam autênticos vinhos com identidade própria e tipicidade brasileira.
Os fatores enológicos, históricos e culturais consagraram a trajetória secular do território com a conquista, em 2011, da primeira e única Indicação de Procedência do setor vinícola de Santa Catarina, denominada Vales da Uva Goethe. A área de produção desta rara variedade de uva, em escala, e de elaboração de vinhos abrange oito municípios: Urussanga, Pedras Grandes, Cocal do Sul, Morro da Fumaça, Treze de Maio, Orleans, Içara e Nova Veneza. Ao todo, no mundo, são apenas 55 hectares plantados.
As condições específicas de solo e clima da região formam este terroir um ponto de encontro entre o frio da serra e os ventos litorâneos. Com altitudes que variam de 30 a 604 metros acima do nível do mar, a IP Vales da Uva Goethe apresenta mais de oito tipos de solo que vão do arenoso ao argiloso. Já as temperaturas, durante todo o ano, oscilam de -4ºC a 40ºC sob influência de correntes oceânicas de água fria, dos ventos quentes que sobem a serra por causa da gradiente de pressão e do ar frio à noite que desce a montanha resfriando rapidamente o planalto e se desloca em direção aos Vales.
A combinação destes fatores naturais são peculiaridades que resultam em vinhos, frisantes e espumantes leves, muito frescos e aromáticos. Cada garrafa revela uma agradável surpresa através desta essência que une solo, clima, altitude e relevo. Para a sommelierè Sonia Denicol, mais conhecida como Madame do Vinho, estes aspectos chamam a atenção se comparados a outras regiões vitivinícolas do mundo.
"Em degustação dos vinhos Goethe aparece naturalmente notas de frutas nativas bem peculiares como, por exemplo, cupuaçu, carambola e até guaraná, além de aromas de frutas cítricas, como maracujá, e outras de polpa branca. Por isso estes vinhos são escolhas perfeitas para o clima tropical do Brasil. Peculiaridades que somadas a notas minerais e toque salino asseguram tipicidade aos vinhos. A uva Goethe é muito versátil. O mais incrível é que cada vinho que se prova desta região única combina os traços típicos da Goethe com uma personalidade própria, que é dada pelo lugar onde foram cultivadas as uvas, pelo tipo e estilo de vinho elaborado por cada produtor", salienta a sommelierè.
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