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Bardolino, Chiaretto e Lugana: conheça os vinhos do entorno do Lago de Garda


Os atrativos em torno do Lago de Garda, na Itália, são diversos e emocionam não só pela riqueza histórica, mas também por tamanha beleza. Assistir ao pôr do sol, por exemplo, se torna um programa para perder o fôlego. Na pequena Lasize (foto abaixo), por exemplo, os barcos dos pescadores e um prédio construído no ano de 1300, localizado na praça do centro histórico da cidade, emolduram ainda mais a paisagem. A Dogana Veneta (foto abaixo), um prédio milenar, construído em estilo veneziano, era utilizado para o transporte de mercadorias entre a Lombardia e a República de Veneza. O elegante complexo foi reestruturado em 2003 e hoje acolhe eventos culturais e sociais.

Ainda há um atrativo muito especial: os vinhos. Especialmente na região Sudeste, na parte vêneta do Lago, que compreende Bardolino, Lasize, Peschiera del Garda, entre outras pequenas vilas, a bebida é o fascínio dos apreciadores. Os tintos são leves e aromáticos; os rosés clarinhos e delicados; e os brancos cheios de personalidade. Em ordem: Bardolino, Chiaretto e Lugana. Diferente de outros italianos, os vinhos não são muito conhecidos no Brasil, e tão pouco exportados.

Bardolino, o embaixador do Lago

O vinho Bardolino é o que mais representa a região do Lago de Garda. É obtido das uvas Corvina Veronese (80%) e Rondinella. Em alguns casos também é utilizada a Mollinara e Corvinone. As uvas são autóctones da região. Mais ao norte de Verona, essas mesmas uvas dão origem a um dos tintos mais importantes da Itália, o Amarone. A diferença maior é que o amarone é feito com uvas que passaram por um processo de pacificação. O Bardolino é bebido jovem e não passa por barricas, em sua maior parte.

É delicadamente aromatizado, com notas de cerejas, morango e outras frutas vermelhas. É um vinho ligeiro e de fácil harmonização, com destaque para as carnes mais leves, os peixes e as verduras. Na culinária local também vai muito bem com a tradicional sopa de legumes, com receitas à base de funghi e com um prato bem típico por lá: a polenta com bacalhau.

O vinho é elaborado em praticamente toda a parte Vêneta do lago. A área compreende as cidades de Garda, Bardolino, Affi , Cavaion Veronese, Pastrengo, Lazise, Castelnuovo del Garda, Peschiera del Garda, Sommacampagna, Valeggio sul Mincio, entre outras pequeninas localidades.

Chiaretto, uma revolução rosé com estilo provençal

Vinho obtido em terras veroneses, o Chiaretto é elaborado com as mesmas uvas de seu irmão, o Bardolino. São utilizadas a Corvina, Rondinella, Mollinara e, em alguns casos, Negrara. O Chiaretto, na verdade, é a versão rosé do Bardolino. As vendas desse estilo de vinho têm crescido nos últimos dois anos. Mas, o sucesso não veio por acaso. É fruto de iniciativa e trabalho organizado dos produtores. A reviravolta aconteceu em 2014.

Segundo o presidente do Consorzio Bardolino, Franco Cristoforetti, a vindima estava por chegar, e não seria nada fácil trabalhar com aquelas uvas na elaboração de Bardolinos de excelência. Foi então que os produtores tomaram uma decisão: a safra complicada para os tintos daria espaço para os rosados com tons tênues, aromas primários e leve graduação alcóolica. Nascia ali o projeto Rosé Revolution: mudar o estilo e ampliar as vendas para outros mercados, além da Itália e Alemanha. O Chiaretto é um vinho perfeito como aperitivo e para refeições leves.

Lugana, frescor floreal e aromas amendoados

Apreciado principalmente por alemães, visto que é desse país que chega boa parte dos turistas que visitam o Lago de Garda, o vinho Lugana é case de sucesso entre os vinhos brancos italianos. O Lugana é um branco elaborado com a uva Turbiana (Trebbiano). Até 2011, a variedade era chamada de Trebbiano di Lugana, devido as suas características diferenciadas. Mudou para Turbiana em 2011. “O crescimento nas vendas e a valorização do Lugana é a prova de que este território apresenta características únicas. Temos um vinho moderno, com a cara deste território”, diz Luca Formetini, presidente do Consorzio Lugana.

O vinho Lugana pode ser varietal ou, segundo prevê a disciplinar da denominação, utilizando-se 10% de outra variedade branca que seja cultivada na região. Atualmente, a maioria dos produtores prefere elaborar um vinho 100% Turbiana. É um vinho amarelo, com tons esverdeados ou mais dourados, dependendo do tempo de maturação. É dividido em três estilos: Lugana, Lugana Riserva e Lugana Superiore. O primeiro é um vinho mais jovem e fresco. O Superiore deve ter pelo menos 12 meses de envelhecimento. Já o Riserva deve envelhecer no mínimo 24 meses, sendo seis deles na garrafa. Há, ainda, o Lugana Vendemmia Tardiva, estilo passito; e o Lugana Spumante.

Os vinhedos são cultivados tanto na parte lombarda do Lago (Desenzano, Sirmione, Pozzolengo), quanto na vêneta (Peschiera del Garda). O território do vinho Lugana se caracteriza por ser argiloso e calcário, rico em sais minerais. Essas características fazem com que se obtenha um vinho com características organolépticas as quais destacam-se os aromas amendoados, além de vinhos estruturados. O clima é influenciado pela brisa que vem do Lago de Garda, com diferenças térmicas entre o dia e a noite. O terroir ideal para o cultivo da uva Turbiana (Trebbiano). Menos produtiva que as uvas cultivadas em outros terrenos italianos, a Turbiana possui cachos médios, compactos e polpa suculenta.


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