Andreia Debon, Itália
Cresce em todo o mundo o número de consumidores interessados em vinhos naturais e genuínos, nos quais não são utilizados aditivos químicos em nenhuma das fases, seja no vinhedo ou no processo produtivo. Atentos a esses movimentos do consumidor, muitas vinícolas estão investindo no método biológico de cultivo de suas vinhas. Segundo dados de 2019 da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV) – no final de abril de 2022 a entidade divulga novos números, 63 países já utilizam esse método em seus vinhedos, uma superfície estimada em 450 mil hectares, ou seja 6% do total de vinhedos do mundo. Entre 2005 e 2019 houve um incremento médio anual de 13%. Já para os vinhedos convencionais a média de crescimento foi de 0,4%.
A Itália é o país com o maior número de hectares de vinhedos biológicos, cerca de 15% do total. Em seguida vem a França e a Áustria, com 14%, depois Espanha com 12%.
E como a Itália é destaque no biológico, a Bon Vivant foi conhecer uma das vinícolas pioneiras do segmento naquele país, uma das empresas que é referência nesse modelo de cultivo. Chama-se Cantina Pizzolato, e está localizada no pequeno município de Villorba, província de Treviso, no Vêneto.
A ligação da família Pizzolato com o vinho começou há cinco gerações, mas foi há 40 anos que a vinícola optou por trabalhar sem a intervenção de aditivos químicos, tanto no cultivo das uvas quanto na elaboração dos vinhos. “Lembro do meu avô trabalhar com a terra e ter saúde. Eu sempre quis viver assim”, conta Settimo Pizzolato, proprietário da vinícola.
“Elaborar vinhos biológicos significa ter respeito pelas pessoas, pelo meio ambiente. Propor aos consumidores um vinho sem conservantes é o primeiro passo e deve ser assim com todos os alimentos”, Settimo Pizzolato.
A certificação Cantina Biológica veio em 1991, mas foi e foi em 2012, com a entrada em vigor de uma regulamentação sobre os vinhos biológicos, que a vinícola passou a usar a denominação vinho biológico e não mais vinho proveniente de vinhedos biológicos em seus rótulos.
Outra novidade veio em 2019, quando apresentou ao mercado seu primeiro vinho elaborado com variedades resistentes Piwi (abreviação alemã para o nome Pilzwiderstandsfähige, que significa que são variedades de uvas resistentes a fungos. Essas uvas foram originadas do cruzamento entre Vitis vinifera e variedades americanas resistentes a fungos).
Hoje a empresa elabora cerca de sete milhões de garrafas de vinho entre brancos, rosés e tintos – tranquilos e espumantes. São 260 hectares, 85 deles de propriedade da família e os demais de viticultores parceiros que seguem todas as regras de cultivo biológico. A maior parte dos vinhos é exportada. Países da Europa, com destaque para a Suécia, são os maiores compradores. Também entre os 35 países consumidores estão Estados Unidos, Israel e Austrália. O Brasil está na lista e, em breve, deve começar a receber os vinhos.
Se hoje os vinhos biológicos da Pizzolato ganham mercado e são reconhecidos pelos consumidores em diversos países, vale dizer que no início não foi fácil conquistar o consumidor e a crítica. “Atualmente, os vinhos biológicos são reconhecidos em todo o mundo. É difícil acreditar que quando comecei com a produção havia muitas críticas. Dizia-se que o orgânico não tinha futuro, talvez também por alguns produtos não tinham alta qualidade. Hoje eu acredito que, além de ser uma questão de negócio para algumas vinícolas, há uma sensibilidade maior das empresas diante desta temática que é fundamental para o desenvolvimento da sociedade”, destaca Pizzolato.
Enoturismo
O enoturismo em torno de uma vitivinicultura biológica também é um dos destaques na Pizzolato. Tanto é que em 2016 foi inaugurado um novo prédio, grandioso, construído em madeira de Faggio, uma planta difundida na região e que é renovável. A vinícola oferece diversas opções de roteiros bio, como passeio pelos vinhedos, inclusive em bicicleta e piqueniques com produtos que seguem a mesma filosofia.
Conheça mais sobre o projeto acessando www.lacantinapizzolato.com
Insta: @cantinapizzolato
Fotos: Cantina Pizzolato/Divulgação e Andreia Debon
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