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Sagrantino di Montefalco: descubra o vinho tinto mais imponente da Umbria



Andreia Debon, especial da Itália


O coração da Itália esconde uma joia bela e discreta. É a Umbria, uma região rica de belezas naturais, abraçada pelas montanhas e pontilhada por lugarejos medievais. Uma paisagem desenhada por intermináveis olivais, intercalados por belos vinhedos. A Umbria é também um recanto onde se respira arte e cultura. E, como não poderia deixar de ser, é uma terra que nos brinda com vinhos de excelência e uma rica gastronomia.

A Bon Vivant foi até a Umbria, especificamente na pequena Montefalco (localizada a 30km de Assis, cidade bem conhecida pelos brasileiros) para conhecer o tinto mais importante daquele território e um dos vinhos que tem chamado atenção tanto na Itália quanto em outros países. Se chama Sagrantino di Montefalco DOCG, conhecido também como um dos vinhos mais tânicos do mundo! Por lá, participamos do Anteprima Sagrantino, evento organizado pelo Consorzio Tutela Vini Montefalco, que tem o objetivo de apresentar os vinhos da nova safra e alguns produtos que são destaque das vinícolas e estão no mercado.

Jornalistas de diversas partes do mundo participaram das degustações e visitas às vinícolas do território


A UVA E SUA ORIGEM

Sagrantino é uma variedade tânica e de amadurecimento tardio. É nativa de Montefalco e arredores. Há diversas versões sobre a sua origem. A primeira diz que teria surgido na Ásia Menor e trazida para a Itália por monges que retornavam da Terra Santa. A segunda afirma que a cepa já existia desde os tempos dos romanos e teria sido mencionada por Plínio, o Velho, no século I.

Paolo Presciutti, junto com a irmã Antonella, estão à frente da Agricola Mevante, uma vinícola jovem, localizada em Bevagna, e que elabora em média 40 mil garrafas por ano. A venda é na maior parte na Itália.


SAGRADO

O nome nos lembra “sagrado”, o que pode significar que ele era usado em celebrações religiosas. De qualquer forma, a uva Sagrantino está presente em Montefalco há centenas de anos, sendo usada, primeiramente, para elaborar vinhos doces, os passitos, e depois para a versão seca. A maior parte dos vinhedos desta uva estão localizados em Montefalco, Bevagna, Gualdo Cattaneo e Castel Ritaldi, província de Peruggia.

Marco Caprai é um dos nomes mais importantes do território do vinho Sagrantino. Ele é filho de Arnaldo Caprai, uma das pessoas que tomou a frente para valorizar e divulgar o vinho Sagrantino.


O Sagrantino di Montefalco DOCG é um vinho encorpado, potente, gastronômico. Há alguns anos era reconhecido como extremamente tânico, difícil de apreciar. Mas, ano após ano, o vinho foi mudando a sua cara. Não deixou de ser estruturado e com alto grau de tanicidade, porém com as novas tecnologias e cuidados na hora da vinificação e amadurecimento do vinho, os produtores têm conseguido “dominar” os taninos e apresentar ao mercado vinhos mais elegantes que agradam a mais paladares. Mas, isso não quer dizer que o vinho deixou de ter os taninos como protagonistas, eles apenas se harmonizam com os aromas e sabores da fruta. Essa mudança fez com que o vinho ampliasse sua visibilidade, tanto no mercado italiano quanto no restante do mundo. Sua certificação DOCG veio em 1992, antes era uma DOC reconhecida ainda em 1979.

Peter Heilbron está à frente da Tenuta Bellafonte. Plantou seus vinhedos em 2008 já com o propósito de fazer um Sagrantino mais moderno e elegante. A ideia era fazer só Sagrantino, mas hoje a sua vinícola também elabora excelentes brancos. No Brasil seus vinhos são importados pelo Grupo Franco-Suissa.


PASSITO

A versão doce do Sagrantino, a exemplo do seco, é elaborada 100% com a uva que dá nome ao vinho. É um produto delicado e harmônico. Além do Sagrantino di Montefalco, na região também é possível degustar outro tinto chamado Rosso Montefalco, que é uma assemblage das uvas Sagrantino e Sangiovese (a uva destaque da Toscana). Algumas vinícolas também utilizam no corte a Merlot. Há, também, o Montefalco Bianco, cuja a uva protagonista se chama Trebbiano Spoletino; e o Grechetto, que é uma das variedades brancas mais cultivadas na Umbria.


A Tennuta Alzatura é de propriedade da Famiglia Cecchi, que também possui uma propriedade na Toscana. Dos 30 hectares na Umbria, 14 são de Sagrantino.


Sobre o clima

Localizada na parte central da Itália, a Umbria faz fronteira com outra área vinícola muito prestigiada, a Toscana. Com terrenos colinosos, o clima da região é ameno e ensolarado, com invernos brandos, verões quentes e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Esse conjunto de características proporciona condições excelentes para que as uvas alcancem o tempo ideal de amadurecimento.


Francesco Trabalza Marinucci é proprietário da La Fonte Cantina e Enoturismo, propriedade familiar que há mais de 100 anos cultuva uvas, oliveiras e possui um projeto de enoturismo. Francesco também trabalha em um projeto de vinhos naturais.


SOBRE AS DENOMINAÇÕES DE ORIGEM

Montefalco Sagrantino DOCG

Vinho estruturado, com alta presença de polifenóis e taninos, além de potencial de guarda. Antes de ir para o mercado o vinho deve amadurecer pelo menos 33 meses, 12 desses em barricas e pelo menos quatro meses em garrafa.


Montefalco Sagrantino Passito DOCG

Para a elaboração deste vinho são escolhidos os melhores cachos. Esses são deixamos por pelo menos 12 meses em um ambiente ventilado para fazer o processo de apassimento dos mesmos. Depois ele é vinificado deixando as cascas da uva, conseguindo, com isso, um passito com um leve toque tânico.


Montefalco Doc

Branco: destaque para a uva Trebbiano Spoletino, uva autóctone. Para a DOC deve-se utilizar % da uva Trebbiano Spoletino e % de outras uvas brancas.

Tinto: a uva principal da DOC é a Sangiovese. Deve-se utilizar pelo menos 60% dela e entre 10 a 25% de Sagrantino e até 25% de outras uvas, como a Merlot, por exemplo. Deve amadurecer pelo menos 18 meses antes de chegar ao mercado. A versão reserva deve ter no mínimo 30 meses de afinamento em barrica.


Scacciadiavoli é uma vinícola com mais de 100 anos e que conta a história deste território e o amor da família Pambuffetti pela terra e pela Umbria.


Roberto Dionigi e a esposa Carolina, junto com o irmão, Pierluigi Dionigi, levam à frente o projeto de vinhos e enoturismo da Cantina Dionigi, propriedade histórica localizada em Bevagna.


A Fattoria ColSanto é de prorpeidade da família Livon, que já possui uma propriedade no Friuli e agora investe também em terras da Umbria. Seus vinhos são elaborado numa bela propriedade no alto de uma colina.

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